Campanha submarina alemã nas costas brasileiras

Estrategia y tácticas de combate. Acciones de guerra de los submarinos.

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Yurgen H. Peixoto Vianna
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Campanha submarina alemã nas costas brasileiras

Mensaje por Yurgen H. Peixoto Vianna » Mié Sep 21, 2005 5:03 am

Em 15 de junho de 1942, Adolph Hitler, em reunião com o Almirante Reader, decidiu desencadear uma ofensiva submarina contra a navegação marítima nas costas brasileiras. Para esta missão foi destacada uma flotilha de submarinos sendo 8 de 500 toneladas e 2 de 700 toneladas. Partindo da costa da França ocupada, essa fIotilha foi reabastecida já próximo à nossa costa pelo submarino-tanque U-460, e foi responsavel pelo afundamento entre 22 de março de 1941 e 23 de outubro de 1943, de 32 navios mercantes nas costas brasileiras, eles transportavam 1.734 pessoas entre passageiros e tripulantes que eram, respectivamente, em número de 502 passageiros e 470 tripulantes. Foram eles os: Taubaté, em 22 de março de 1941; o Cabedelo, desaparecido no Triângulo das Bermudas com 54 homens com presunção de torpedeamento, mistério que até hoje permanece.
O Buarque foi torpedeado em 16 fevereiro de 1942, próximo ao Cabo Hateras, salvando-se toda a tripulação e morrendo um passageiro do coração; Olinda, torpedeado ao largo da Virgínia-EUA, em 18 de fevereiro de 1942, salvando-se toda a tripulação de 46 homens; Arabutã, torpedeado em 7 de março de 1942, próximo ao Cabo Hateras, salvando-se a tripulação de 47 homens e os passageiros em número de quatro, sendo um deles náufrago do Buarque, morrendo com a explosão o enfermeiro do navio.
Cairu, torpedeado em 8 de março de 1942, com dois torpedos que o partiram ao meio e próximo a Nova York, tendo morrido 47 tripulantes e seis passageiros, além de perdida a estratégica carga de cristal de rocha, essencial às comunicações de rádio aliadas; Parnaíba, torpedeado em 1º de março de 1942, próximo a Trinidad, morrendo sete dos 72 tripulantes, incluindo quatro marinheiros de guerra que guarneciam seu canhão; Comandante Lyra, torpedeado em 18 de março, ao largo do Ceará, por um submarino italiano que inaugurou os torpedeamentos no litoral do Brasil, matando dois de seus 52 tripulantes, dos quais quatro marinheiros de guerra que guarneciam seu canhão; Gonçalves Dias, torpedeado em 24 de março de 1942, ao sul do Haiti, morrendo seis tripulantes dos 52, dos quais quatro marinheiros de guerra que guarneciam seu canhão; Alegrete, torpedeado desarmado em 1º de junho de 1942, próximo à Ilha Santa Lúcia, salvando-se toda a tripulação de 64 homens.
Pedrinhas, torpedeado em 26 de junho de 1942, próximo da Lat. 23N – Long. 62W, salvando-se seus 48 tripulantes; Tamandaré, torpedeado em 26 de julho de 1942, a caminho de Trinidad, próximo a Tobago, tendo morrido quatro de seus 100 tripulantes; Barbacena, torpedeado em 28 de julho de 1942, nas Antilhas, com dois torpedos, tendo morrido os três marinheiros de guerra que guarneciam o canhão e mais três de uma guarnição de 61 homens; Piave, torpedeado desarmado em 28 de julho de 1942, nas Antilhas, morrendo só o comandante dos 35 tripulantes e foi o último a sê-lo com o Brasil formalmente neutro.
Com a atitude do Brasil francamente favorável à causa aliada, Hitler determinou que o submarino U-507 atacasse a cabotagem do Brasil. Deste modo ele afundou os: Baependi, torpedeado em 15 de agosto de 1942, no litoral baiano, que transportava 306 pessoas, das quais 233 passageiros, morrendo ou desaparecendo 270 pessoas, entre elas integrantes do 7º Grupo de Artilharia de Dorso; Araranguá, torpedeado na mesma data e rota com dois torpedos, morrendo ou desaparecendo 131 dos 142 tripulantes e passageiros, incluindo o comandante e imediato; Anibal Benévolo, torpedeado em 16 de agosto de 1942, no litoral baiano, morrendo 150 das 154 pessoas, salvando-se só quatro tripulantes e entre eles o comandante.
Itagiba, torpedeado em 17 de agosto de 1942, ao sul de Salvador, morrendo 36 pessoas do total de 181, entre as quais integrantes do citado Grupo de Artilharia, que se dirigia para Olinda; Arará, torpedeado no mesmo dia, ao sul de Salvador, morrendo 20 de seus 35 tripulantes; e Jacira, torpedeado em 19 de agosto de 1942, ao sul de Salvador, salvando-se os seus seis tripulantes.
Estes afundamentos trágicos e quase concomitantes, levados a efeito pelo submarino U-507, provocaram grande revolta popular, levando o Brasil a reconhecer o estado de beligerância do Eixo contra ele, em 22 de agosto de 1942, data de sua entrada na guerra na causa aliada. Pois eles haviam de forma traiçoeira provocado 602 mortes de brasileiros, sem distinção de sexo e idade. A partir deste momento o Eixo afundou por torpedeamento mais os seguintes mercantes: o Osório e o Lages, torpedeados em 27 de setembro de 1942, próximo da foz do Amazonas, quando comboiados por navios de guerra dos EUA, tendo morrido cinco homens dos 39 do Osório e três dos 49 do Lages; Antonico, torpedeado em 28 de setembro de 1942, na costa da Guiana Francesa, tendo sido metralhados os seus tripulantes nas baleeiras, quando inermes, ferindo muitos e matando 16 dos 40 tripulantes, comandando o massacre o comandante do submarino U-516, o cap. Gerard Wieb e executando a tarefa covarde o artilheiro ten. Markle; Porto Alegre, torpedeado em 3 de novembro de 1942, na região do Cabo da Boa Esperança, na África, morrendo um dos 47 tripulantes; Apalóide, torpedeado em 22 de novembro de 1942, as Antilhas, morrendo cinco de seus tripulantes, tendo sido antes apreendido na Dinamarca.
Brasilóide, torpedeado em 18 de fevereiro de 1943, ao norte de Salvador, salvando-se seus 46 tripulantes; Afonso Pena, torpedeado em 2 de março de 1943, ao sul de Salvador, após abandonar indevidamente o comboio, morrendo 125 dos seus 242 ocupantes; Tutóia, torpedeado em 30 de junho de 1943, na altura de Santos, morrendo sete de seus 37 tripulantes; Pelotaslóide, torpedeado desarmado em 4 de julho de 1943, em missão para os EUA, que o afretara, e ao sul de Belém, tendo morrido cinco de seus 42 tripulantes; Bagé, torpedeado em 31 de julho de 1943, próximo de Aracajú, morrendo 28 dos seus 134 ocupantes; Itapagé, torpedeado em 26 de setembro de 1943, ao sul de Maceió, tendo morrido 26 dos seus 106 ocupantes; e Campos, torpedeado em 23 de outubro de 1943, entre Ubatuba e Santos, morrendo 14 de seus 106 ocupantes, sendo que alguns em acidentes com duas baleeiras atingidas pelas hélices do navio deixadas em funcionamento. No litoral brasileiro foram afundados de 1942-45 39 mercantes estrangeiros, além de três ao largo, num total de 42, dos quais 12 com escolta ou em comboio e 30 navegando isolados ou escoteiros.
O afundamento do Birminghan/City trouxe expressiva perda para o Brasil, por trazer equipamentos para navios brasileiros de guerra em construção no Arsenal de Marinha e para equipar nossas bases navais. O Eagle, o Thompson, o Lykes e o S. B. Hunt conseguiram permanecer navegando. Assim, em 1943, foram torpedeado os City of Cairo, Teesbank, Empire Hank, Ripley, Omblitins, Alcoa Rambler, Star of Suez, East Wales, Observer, Oak-bank e Queen City que viajavam isolados. Em 1943 foram torpedeados os Baron Dechomont, Climassen, Bragaland, Yorkwood, Birminghan City, Broad Ayrow, Minotaur, Fitz John Porter, Stang, Hound, Mariso, Indentua, Adelfotis, Eagle, Venezia, Vernon City, Fort Chilcotin, Washburne, African Star, Harmonic, Richard Caswell, William Boyce, James Robertson, Thomas Simichson, Thompson Lykes, S. B. Hunt, Elihu B e o Fort Hallket.
Em 1944-45 foram torpedeados o William Gaston, além de ao largo o Nebraska, Anadey, Janeta e Buron Jedbeugh. O sistema de comboios estabelecido pela 4ª Esquadra Americana, a qual a Força Naval do Nordeste da Marinha do Brasil integrava, diminuiu expressivamente os torpedeamentos no litoral do Brasil, em que pese a ação intensa dos submarinos alemães. A maior intensidade dos torpedeamentos tiveram lugar no litoral do Nordeste, especialmente entre o Recife e Salvador e até dezembro de 1943. A maioria dos comandantes de submarinos alemães não abandonaram os preceitos de dignidade humana. Combatiam com tenacidade e não ultrapassavam os limites com náufragos inermes, que em alguns casos socorreram com víveres. Mas existiu uma exceção, o submarino U-516 ao comando do capitão Gerard Wiebe que ordenou o massacre ao artilheiro ten. Markle que metralhou os náufragos do mercante brasileiro Antonico. O Brasil tentou processá-los como criminosos de guerra, sem êxito.

Por longos anos existiu versão que o torpedeamento de mercantes brasileiros, que determinou a entrada do Brasil na guerra, foi feito por submarinos americanos. Diversos historiadores têm encontrado a resposta negativa na Alemanha, onde consta o registro dos afundamentos por seus submarinos, de mercantes brasileiros, com respectivos nomes, posição e circunstâncias, no Diário do Comando Alemão dos Submarinos (Kriegsstagebah – B. d. u) consultado pelo alte. Arthur Oscar Saldanha da Gama, ex-combatente da FNN e historiador naval do Brasil. Acidentaram-se durante a guerra os mercantes: Atlântico (abalroado); Mantiqueira (perdido por precipitação da tripulação); Butiá (bateu na ilha das Canárias); Comandante Capela (escapou de encalhe em Aracaju); Comandante Alcídio (que perdeu-se por encalhe em Aracajú); Sulóide (desgovernado afundou, após bater em casco sossobrado em Baía Oslow-Carolina do Norte); Goiazlóide (abalroado num comboio); Piratini (foi ao encontro de escolhos para escapar de um submarino); Bahialóide (encalhou ao sul de Tobago mas escapou); Aiuroca (foi abalroado na entrada de Nova York); Tiradentes (afundou após colidir com outro quando ambos viajavam no escuro); Cisne Branco (afundou após bater em outro); Araponga (no litoral de São Paulo foi afundado pelo Vênus); Guaibá (se perdeu após encalhar por ter sido abalroado); Araribá e Piratininga (abalroaram); Chuilóide e Tietê (afundaram depois de colidirem na ilha do Coral-SC); Aratimbó (foi de encontro, em 1º de fevereiro de 1944, à rede anti-submarina de proteção do Rio de Janeiro); o Duque de Caxias (foi colhido em comboio pelo cruzador Rio Grande do Sul); França M (levou uma proada da corveta Felipe Camarão que o confundiu com um submarino); barcaça Areia Branca (posta a pique pelo Transporte de Guerra Monterrey-EUA, em Natal, após colisão); e o rebocador Veloz (abalroado no Rio pelo USSYMS-45). Naufragou em condições envoltas em mistério e na região das Bermudas o Santa Clara, em 15 de março de 1941.

Todos estes torpedeamentos e acidentes envolvendo navios mercantes do Brasil durante a Segunda Guerra Mundial expressam a grande tragédia vivida então pela Marinha Mercante do Brasil, onde avultam as tragédias particulares dos afundamentos dos Baependi (270 mortos), do Aníbal Benévolo (150), do Araranguá (131), Itagiba (56) e de outros. Foi grande o sacrifício da Marinha Mercante, neste mesmo período, até 1942 os submarinos do Eixo fizeram o que quiseram no litoral brasileiro. No primeiro semestre de 1943 ocorreu uma blitz contra os submarinos do Eixo atuando no litoral do Brasil. Os submarinos foram aos poucos sendo superados em suas técnicas e táticas de ataque pela eficiência crescente das dos aliados em guerra anti-submarino. A medida que a tonelagem dos cargueiros torpedeados foi diminuindo foi aumentado a de submarinos afundados. Em maio de 1943 a Força do Atlântico Sul e 4ª Esquadra Americana recebeu substancial reforço de aviões Ventura e Liberators e bombas de profundidade para explodirem em diversas profundidades. Foram afundados particularmente no litoral do Brasil, de 4 de janeiro – 4 de agosto de 1943, pela Força Naval do Nordeste e 4ª Esquadra Americana à qual subordinavam-se forças navais e aéreas brasileiras especializadas em guerra anti-submarino e proteção de comboios, 15 submarinos do Eixo, dos quais 14 alemães e um italiano, além de mais um alemão, o U-161, não confirmado.
Foi um total expressivo, se comparado com os 16 afundados entre as Guianas-Antilhas-Estados Unidos-Canadá. Eles operavam com apoio em submarinos supridores de 1.600 t., chamados vacas-leiteiras (milchkune) que em número de 12 atuavam no largo dos Açores, apoiando os submarinos alemães – os U-Boats, que eram por sua vez apoiados em bases no litoral da França. Foram afundados na costa do Brasil os: U-164, afundado, em 4 de janeiro de 1943, por aviões dos EUA a nordeste de Fortaleza; o U-507, afundado por um Catalina dos EUA na foz do Paraíba, sem deixar sobreviventes, tendo sido o causador da maior tragédia da Marinha Mercante Brasileira nesta guerra e mesmo do Brasil, os trágicos e traiçoeiros torpedeamentos dos navios brasileiros, antes de ato de Declaração de Guerra, ou seja, dos mercantes Baependi, Araranaguá, Aníbal Benévolo, Itagiba e Arará que mataram 607 brasileiros, numa proporção de 60% das perdas fatais da Marinha Mercante Brasileira em toda a guerra, fato que determinou a entrada do Brasil na guerra e sua participação do esforço bélico aliado, no Atlântico e na Itália; Archimede, submarino italiano afundado em 15 de abril de 1943, por aviões dos EUA, na altura do Atol das Rocas; U-128, afundado em 17 de março de 1943, no litoral de Alagoas, por aviões e um contratorpedeiro dos EUA, após tentar atravessar um comboio escoltado pela Marinha Brasileira; U-590, afundado em 9 de julho de 1943, no litoral do Amapá, por aviões dos EUA, tendo sido o torpedeador do mercante Pelotaslóide; U-513, afundado em 19 de julho de 1943, no litoral de Santa Catarina, por um avião dos EUA, salvando-se seu famoso comandante; U-662, afundado em 21 de julho de 1943, no Amapá, por uma Catalina dos EUA; U-598, afundado no Cabo São Roque, em 23 de julho de 1943, por aviões dos EUA sem ter chegado a operar, sendo atingido por bombas Fido, usadas pela primeira vez; U-591, afundado em 30 de julho de 1943, ao largo do Recife, por um avião Ventura dos EUA baseado em Natal; U-199, afundado em 27 de setembro de 1943, por um Catalina da Força Aérea Brasileira, o Arará PBY-4, em frente ao Rio de Janeiro, submarino que antes havia abatido um avião PBM-3 Mariner dos EUA, sendo o primeiro submarino de 1.200 t. a ser afundado e o U-604 afundado em 4 de agosto de 1943, ao norte da ilha da Trindade, por autodestruição, sendo da classe abastecedor ou vaca-leiteira dos demais, por transportar suprimentos de torpedos, combustíveis, remédios, alimentos e peças de reposição destinados a eles. Fora avariado por um avião dos EUA, a 100 milhas de Maceió, que depois foi abatido pelo U-185 que protegia o U-640, alvo de segundo ataque. O U-161 foi atacado, em 27 de setembro de 1943, a leste de Salvador, por um avião dos EUA, dando a impressão de haver sido destruído. O U-185, que salvara a tripulação do U-640 antes ele autodestruir-se, foi afundado por aviões dos EUA. O comandante do U-604, muito ferido e imobilizado na enfermaria do U-185, matou, a pedido, um marinheiro em idêntica situação e depois suicidou-se com um tiro, antes que o mar fizesse. O U-604 foi o único submarino supridor ou vaca-leiteira que operou no litoral do Brasil. Os submarinos supridores eram muito vulneráveis na hora do abastecimento da matilha de submarinos, pois os encontros que combinavam eram captados pelos rádios aliados que haviam decifrado o Código ENIGMA de Comunicações da Marinha Alemã. Com a destruição da maioria dos supridores ou vacas-leiteiras e neutralização das bases de submarinos alemães na costa da França e mesmo eficiência da guerra anti-submarino no litoral do Brasil, eles foram obrigados a deixá-los. Se a guerra tivesse se prolongado é possível que submarinos alemães tipo XXI, com 19.000 milhas de raio de ação tivessem operado no litoral do Brasil, sem necessidade de reabastecimento, causando maiores prejuízos ao Brasil.

A guerra anti-submarino no Brasil contou com o concurso da Marinha e Aeronáutica na proteção do tráfico marítimo e do Exército na vigilância do litoral, com o concurso eficiente de pescadores, negando aos submarinos pontos de apoio e refúgios na costa do Brasil. Destacou-se na guerra anti-submarino o Centro de Operações Conjunto do Rio de Janeiro que integrou elementos da Marinha de Guerra e Mercante do Brasil e da de Guerra dos EUA e das aviações naval dos EUA (4ª Esquadra Americana) e Força Aérea Brasileira, para onde fluíam as informações sobre a navegação no Atlântico Sul, como a localização de submarinos. O Centro planejava a proteção de comboios e varreduras. Sua área era um arco com extremos em Florianópolis-SC e Caravelas-BA. Cobriam esta área aviões baseados no Rio de Janeiro. Os U-Boats eram de 500, 740, 1.200 e 1.600 t. Os últimos, os vacas-leiteiras, possuíam baterias antiaéreas para combate com aviões. Dos 1.000 submarinos ou U-Boats fabricados pela Alemanha estima-se que 781 foram afundados. É assunto com um certo grau de imprecisão. Outras fontes confirmam o afundamento do U-161 por um avião Mariner baseado em Salvador. Ele era comandando pelo cap. Albrech Achilles, considerado o menor homem da Marinha alemã e talvez o seu melhor submarista. Era franzino, raquítico, mas bravo e competente, pois fazia de um submarino em suas mãos uma espada que esgrimia com perfeição. Sua carreira fora uma legenda, até sucumbir próximo a Alagoas. A base aérea inglesa de Ascensão sediou o 1º Grupo Misto do Exército dos EUA e mais tarde uma esquadrilha de aviões Liberators destacada de Natal.

Entre as bases de Natal e Ascenção aviões da 4ª Esquadra Americana baseada no Recife fizeram vôos diários de barreiras, através do denominado Cinturão do Atlântico Sul (Saliente Nordestino-ilha de Ascenção-África) visando detectar submarinos do Eixo e principalmente navios furadores de bloqueio, transportando da Ásia, principalmente, matérias-primas estratégicas para o esforço de guerra nazista, com ênfase nos meses de dezembro de 1944 e janeiro de 1945. A cobertura aérea do cinturão foi complementada por quatro grupos-tarefas, com um cruzador e um destróier, ou dois destróieres, cada, patrulhando o Cinturão do Atlântico Sul, entre Recife e Ascenção. Aviões Liberators baseados em Ascenção afundaram os potentes e modernos submarinos de 1.200 t. os U-848 t., U-849 e U-177, respectivamente, em 5 e 25 de novembro de 1943 e 6 de fevereiro de 1944 e nas posições (10º09S-18º00w), (06º30S-00º40W) e (10º 35S-23º 12W). O ataque ao U-848 foi sensacional. Recebeu 10 ataques de parte de seis aviões que lançaram 33 cargas de profundidade e 12 bombas de demolição. Seus sobreviventes foram inquiridos no Brasil. Na luta estratégica no Atlântico Sul, contra os navios rompedores de bloqueio na altura do Cinturão do Atlântico Sul, escaparam o Osorno e, temporariamente, o Alsterunfer afundado na Baía de Biscaia. Foram afundados nas imediações de Ascenção, que controlava pelo sul o Estreito Natal-Dakar, por navios da 4ª Esquadra Americana baseada no Recife, os furadores Essemberg (21 de novembro de 1942), Karin (10 de março de 1943 ao largo do Recife), Wesserland (31 de janeiro de 1944), Rio Grande (4 de janeiro de 1944, ao largo do Cabo São Roque) e o Burgenland (5 de janeiro de 1944, ao largo do Recife). O afundamento dos três últimos furadores, em ação coordenada por navios da 4ª Esquadra baseados no Recife e aviões baseados em Natal e Ascensão, se constituiu em duro golpe estratégico no Eixo. Todos eram de sete mil t. e vinham carregados de borracha e outros itens, desde o Japão e Índias Holandesas.
Os náufragos do Burgenland foram socorridos pela corveta Camocim da Marinha do Brasil, que integrava a 4ª Esquadra, através da Força Naval do Nordeste. Tanto os submarinos de 1.200 t., como os rompedores de bloqueio ofereceram tenaz resistência antiaérea aos aviões, dos quais um foi abatido e outros avariados. De 21 de setembro de 1942 a 15 de abril de 1944, estiveram presos no Campo Provisório de Concentração de Pouso Alegre-MG, no quartel do 1º Grupo do 8º Regimento de Artilharia, 62 prisioneiros de guerra alemães, capturados do navio alemão rompedor de bloqueio. Annelise Essemberg, de 5.000 t., afundado em 21 de novembro de 1942 na posição (00-54N-22-34W), por auto-destruição, quando ia ser identificado por navios da 4ª Esquadra Americana baseados no Recife. Fazia-se passar por norueguês, provinha do Japão. Sua tripulação aprisionada era de 62 homens dos quais 42 marinheiros mercantes e 20 de guerra, sendo 14 oficiais e 48 suboficiais e marinheiros, conforme revelamos em Ombro a Ombro de abril 1991.


A saga do U507 en Brasil
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